MEU BOM AMIGO, DOM CASMURRO: A FUNÇÃO ESTRUTURAL DO LEITOR NO ROMANCE DE MACHADO DE ASSIS

Autores

  • José Francisco da Silva Queiroz

DOI:

https://doi.org/10.56798/RGC-11-2023-05

Palavras-chave:

Leitor Implícito, Leitor Concreto, Recepção, Machado de Assis

Resumo

Dom Casmurro (1899), para os leitores de hoje é uma narrativa que se sustenta pela dúvida, suspeita que se baseia em uma complexa rede de evidências sem comprovações. Mas durante 60 anos esse romance foi lido sem sobressaltos ou maiores ponderações como uma história de adultério. Dentro de um novo “horizonte”, a personagem Capitu deixou de ser percebida como traidora e tornou-se a vítima de um ciúme doentio, Bento Santiago passou de um solitário homem traído a um cínico indivíduo incapaz de aceitar a possibilidade de que suas desconfianças fossem infundadas. A distância entre essas duas possibilidades de leituras pode ser elucidada se considerarmos a estratégia narrativa utilizada por Dom Casmurro/Bento Santiago para conquistar e manipular os seus leitores. Sob esse pressuposto, poderemos entender que a narrativa sustentada nesse romance lida não com a possibilidade de recuperar a felicidade da juventude, mas com a tentativa de provar que a traição de Capitu fora verdadeira. Ao oferecermos um cotejo das principais leituras críticas de Dom Casmurro, mostraremos como a presença do “leitor implícito” foi o recurso narrativo indispensável para que Bento Santiago conseguisse instituir o crime, o processo e a execução da pena de Capitolina Santiago.

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Publicado

2024-01-05